Desde sempre que o isolamento das ilhas obrigou os seus habitantes a lançarem mão àquilo que a terra lhes dava, como forma de superarem algumas das suas dificuldades do quotidiano.
Com a natural evolução dos tempos de que resultou, logicamente, uma grande abertura da Região para o exterior, que a aproximou significativamente do resto da Europa e do mundo, muito do que outrora constituía uma necessidade das suas gentes, representa hoje o rico artesanato açoriano, retratado em interessantes trabalhos de cerâmica, madeira, tecelagem, vimes e bordados “onde o sector dos texteis-lar representou 3,4% das exportações da Região Autónoma dos Açores entre 1993/95. As Empresas responsáveis pelo sector possuem um produto de qualidade que se adequa às tendências cada vez mais exigentes do mercado”, tendo o Bordado dos Açores já recebido a denominação de Produto de Origem de Qualidade Certificada.
Das mãos habilidosas dos artesãos nascem notáveis peças de materiais, formas e cores diversas, que fazem do artesanato dos Açores um rico conjunto de autênticas obras de arte, da arte engenhosamente imaginada pelos seus artífices.
São disso exemplo as graciosas e delicadas flores feitas com escamas de peixe, de papel, de penas ou de pano, ou os coloridos capachos de folha de milho e espadana, que em São Miguel se podem encontrar. Notáveis também são as trempes, as peneiras e as bandeiras bordadas do Divino Espirito Santo feitas na Ribeira Grande.
De igual modo, as magníficas e artísticas flores e outros interessantes trabalhos em miôlo de figueira ou de hortência, características das ilhas do Faial e Flores, são dignas peças do seu artesanato.
No campo da cerâmica, belas peças pintadas à mão, da rústica e muito apreciada louça da Lagoa e de Vila Franca do Campo, em São Miguel, bem como curiosos exemplares das olarias mariense e terceirenses e os vasos, bules e canecas da Graciosa, despertam sem dúvida a atenção de quem delas se acerca.
No ramo da tecelagem, bordados e rendas, desde as quentes camisolas de lã de ovelha feitas manualmente em Santa Maria, à confecção, em velhos teares manuais, de colchas e mantas com bonitas combinações de cores em quadrados, losangos ou estrias, nas várias ilhas, talvez mereçam uma referência especial, as conhecidas “colchas de ponto alto” ou “mantas de São Jorge” e as rendas de croché “acaseado” ou “croché de arte” do Faial, além dos sempre cobiçados bordados manuais em pano de linho, branco, cru e vermelho da Ilha Terceira. “As hábeis mãos das mulheres Açoreanas sempre bordaram e fizeram rendas. Talvez melhor que nenhuma outra manifestação artesanal, os bordados personificam, na sua pureza, suavidade de cores, harmonia, perfeição e tranquila transparência, a maneira de ser das Ilhas – o que lhes confere redobrados motivos de interesse e beleza.”
Interessantes trabalhos em vimes, desde pequenos cestos a elegantes mobílias, sobretudo para casas de veraneio, a utilização do ferro e da madeira em objectos de uso diário nos trabalhos do campo e na faina piscatória e da palha de trigo como matéria-prima para o fabrico de objectos de uso corrente, ou ainda trabalhos em lata reproduzindo artísticas peças que têm sido já motivo para apreciadas e concorridas exposições, sobretudo na ilha Terceira, completam, em termos gerais, o curioso panorama artesanal açoreano.